quarta-feira, 14 de abril de 2010

Corredor de Praças

O céu daquela noite era escuro, mas escuro do que normalmente estava habituado, um céu recém-nascido, carregado de uma beleza afoita para amanhecer. Enquanto o mundo dormia, certas reflexões feitas de acaso criam formas, como se estivessem preparando a sua irreal, mas compreensiva surpresa. O céu de nuvens espessas, ao mesmo tempo tão escuro se fazia revelador, bastou-me apenas erguer os meus olhos, que logo me vi obrigado a perguntar: onde eu estive esse tempo todo?
Sim, eu sou invejoso. Não ao ponto de desejar o mal a ninguém, longe disso. Mas sabe aqueles dias em que você sai, e senta no banco da praça e fica admirado em ver as criancinhas correndo pelo infinito gramado, sem nenhum tipo de preocupação, sem a cobrança de ter sempre algo muito mais do que revelador? - Queria eu ser assim. Uma criança. Um corredor de praças.

3 comentários:

  1. Há dias que são reveladores, e únicos, talvez para apenas alguns dos mortais, como nós... Alguns dias que nos lembram os invernos que passávamos tão livres, mesmo todos amarrados com roupas.
    É bom ser criança, mas também é sofrido. Os adultos têm cara de quem quer ser donos do mundo; e quando se é criança, sabemos com clareza que nada é posse de ninguém.
    Bom poder saber sobre tais dias que se passam por aí.!
    um abraço.. té mais!

    Rafael Only.

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  2. Mil vezes me peguei pensando em quanto gostaria de passar tardes em um gramado, sem nenhuma grande preocupação.
    Mas sabe, você fala da cobrança de sempre algo mais reveleador, e a criança descobre algo super revelador, com uma facilidade tão grande que só poderia ser explicada pela falta de cobrança em relação a elas.

    Eu também sinto inveja as vezes, um vontade louca de compartilhar coisas com quem já não posso.

    Grande Beijo, Guilherme!

    É sempre um prazer estar aqui!

    Texto lindo.

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  3. Como é que faz para voltar a "fita" do nosso tempo!? As vezes da vontade, né!? De voltar para a simplicidade da infancia, nem que seja para descobrir como, também, é bom "crescer".
    Acho que temos que aprender a nos revelar! rs

    Beijos, Gui!

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