domingo, 4 de abril de 2010

Conto – A Casa Pré-Fabricada

Com seu corpo estirado no chão: “chão esse que lhe parecia um tapete borbulhando de um fervor rubro”, nada lhe parecia distante, tão diferente das situações que lhe ocorrem ontem, ou anteontem, não se sabe ao certo... No seu tapete tudo se criava; suas idéias e reverberações de destaque e alegorias. Não sabia ele nada sobre a vida, mas ali no pseudo-tapete, era possível, bem possível que germinassem sementes, que brotassem árvores assim tão frutíferas. Esse era o seu espaço de dimensões restritas, de comprimento e largura que pra ele poderiam ser maiores do que qualquer teoria, do que qualquer outra medida. Sim, ele podia deleitar-se ali jogado, crucificado no mar de um tapete que parecia sua casa com paredes de vidro. Sentia-se feliz por ter seu espaço: “espaço esse infinito que não cabia mais ninguém”, só ele. Ali parecia seu lugar de silêncio, de maestria, onde as notas titubeavam para um sono profundo e eficaz. Muitas vezes procurou um sentido lógico, porém esse sempre inatingível, ininteligível percurso. Nada no mundo parece melhor do que aquele espaço, nenhum lugar é tão reconfortante e sossegado, ao seu entendimento, para estar-se morto.

4 comentários:

  1. Conheço várias teorias, e invento um par delas, mas nada como a vivência do ser, para nos fazer acreditar que entendemos o que nos cerca, seja esse ambiente palpável, ou interior.
    Conto muito tocante.
    Um abraço.!

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  2. Os nossos refúgios nem sempre precisam ser tão escondidos assim...basta que nos sintamos protegidos dentro dele...pode ser um lugar publico, mas o que o faz seu, é sua interpretação, sua experiência, sua visão. Isso que o torna único...

    Texto maravilhoso(como de frequencia).

    Grande beijo!

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  3. Lindo conto, sempre precisei desse espaço, em todo canto que morei, achava sempre meu lugar 'secreto', onde ali eu poderia 'deleitar-me ao infinito', ou simplesmente me esvaziar, mergulhar no silêncio, contemplar as coisas simples que nos passam frequentemente desapercebidas.

    O ser humano precisa de espaço, e mais do que seu espaço, precisa de tempo pra si. Se sentir. Se perceber. Se conhecer.. Gosto desse tempo. E de poder aproveitá-lo ainda em vida! (risos)

    Lindo conto, Gui.. e as diferenças? São essenciais, a marca das nossas individualidades. A prova de que todo ser é diferente. E que todos somos iguais.

    abraços!

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  4. É fuga ou é encontro?!...
    Será que a melhor forma de encontrar-se, é perder-se?!...

    Suas palavras me fazem companhia!

    Beijo, poeta!

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