segunda-feira, 26 de abril de 2010

Egonizando

Em mim tudo antes era festim! Jorrava em minhas veias tão finas o vinho para fervilhar e alimentar minha alma: “Um calor ausente de suas faculdades descritivas”. Tudo resumia-se há confetes e serpentinas. Hoje sou ocioso como um sapo a coaxar numa noite sem estrelas, e nada pretendo ser mais do que isso. Sobre o valor da sinceridade afirmo: “nada mais serei”! Tem algo que me puxa pelas pernas; algo tão repugnante que sequer tem a coragem de retirar a máscara do seu rosto. Eu estou exposto ao mar e tão instintivamente como qualquer um tento salvar-me da fúria turbulenta das ondas. Bato meus membros sobre a água, canso-me, e sinto a escassez das energias saindo, voando, pelos meus poros. No início acreditei piamente que conseguiria chegar a algum lugar, e consequentemente recobraria a consciência daquilo que antes me fazia sobrevivente. Porém, há muito tempo atrás, senão me engano, eu investi cegamente num princípio tão baixo de condenação... Eu havia, de fato, estrangulado a felicidade.

3 comentários:

  1. Estrangulou a felicidade? Então ressuscite-a. Basta ferro e fogo. E tudo se dá em reforma. Basta revirar as tralhas. Retirar os entulhos. E salvar o que ainda pulsa..

    basta ter fé. E não se deixar vencer!
    Abraços, Gui.


    E que a má onda passe, como as turbulências, que volte a calmaria e brisa fina da maré.

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  2. O mar não se resume nas fúrias da onda. Ele é intenso, extenso, imenso,

    guarda uma linguagem velha, uma linguaguem que nos sorve para o molhado, pro profundo, pro silêncio que se instaura dentro de nós...

    e se estrangulei a felicidade,
    submersos, os olhos fitam para cima e encontram uma manhã incandescente que se fratura nas águas, e sem intenção, minha canção vai saindo deste mar e o sol,

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  3. Pesado o texto, leitura com um pouco de tensão.

    O cansaço em relação a vida as vezes me é tão parecido como oque descreveu, por mais que minha experiência em qustão de estar viva ainda seja tão fresca, tão jovem.

    A gente costuma matar a felicidade, acho que a gente não sabe reconhecê-la nos momentos certos, sei lá!

    Um prazer enorme estar aqui, podendo ler você, Guilherme!

    Grande beijo!

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