segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Onde o rio flui

Todo o gosto que poderia sentir encontrei entre aquelas pernas, uma adesão de conhecimento, de estranheza e de uma benevolência experimental. Nada parece fazer sentido quando o sentido está a sua frente mexendo sua franja e te olhando com a meiguice dos bêbados. Nada parece ser forte o suficiente para separar a magnitude do que estava acontecendo; nem chuva, nem relâmpagos e nem ao menos a sua provável amante.  Eu tinha na cabeça a sua imagem a vida toda e toda a vida parece ser curta quando estou sentado ao seu lado na mesa de um bar da Lapa aos raios do amanhecer. Entre os muros apertados, entre caminhos rearranjados com mármores do céu das calçadas e com o forte cheiro de amônia proveniente de uma noite regida a fermentação, eu poderia facilmente gritar que me sentia seguro o suficiente pra morrer, ainda mais quando tudo o que mais desejava caminhava no mesmo sentido do meu sangue.

3 comentários:

  1. Um dia você me disse: "Rimbaud, cara!"
    chegou a hora de retribuir!! Rimbaud, meu caro!

    Faz tempo que não venho aqui? os deuses sabem como me envergonho!

    abraços

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  2. Onde o rio flui, os corpos perpassam os contornos e a corrente caminha no mesmo sentido e intensidade que o sangue,

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  3. As correntezas mais poderosas de nossas vidas são difíceis de colocar em palavras sem cair em lugar-comum. Você escreve muito, muito bem mesmo. Parabéns.

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