terça-feira, 26 de outubro de 2010

Je N'en Connais Pas La Fin

Se existisse alguma coisa no céu que escrevesse sobre permanência leria linha por linha suas regras, ininterruptamente, paulatinamente. À noite parece que cobriu as estrelas com sua capa protetora e nada mais posso esperar além da fumaça que solto de mim. Tudo se resume do nada e esse tudo é o que admiro nesse exato momento; é a solidão enobrecendo o meu espírito. Penso muito no que vai ser daqui pra frente, no quanto o tempo é capaz de curar as feridas e tudo o que surge são promessas. Não sei o bastante sobre a vida, mas sei o bastante para manter-me vivo. Tenho um lugar, um mundo, entre a multidão e tudo o que queria era jogar todos no lixo com suas falsidades. A solidão é desonesta quando se alcança o outubro e me vejo distante demais pra conseguir pegar com a mão o pouco de sanidade que resta. Isso tudo voa para o olho do furacão e é inalcançável, inacessível; são os resquícios do final do mês escorrendo seus pecados. Quando aquele simples pecado não te enxerga como deveria as mutilações começam pelo peito, e tudo isso faz parte da cabeça, da dança. É como nas distorções, nas luzes lançadas no palco, onde o vermelho camufla todo o ócio enquanto o azul faz a mente girar no ritmo da nova juventude. Eu queria o mar inteiro e tudo o que tenho é um filete de água, um azul, que não me pertence.

Tipo Uísque - If You Go

2 comentários:

  1. "bem, acho que podemos olhar para os velhos rostos lá fora, tudo está uma maravilha.
    bem, acho que podemos por em prática os velhos ritos agora, por que tudo está como Deus queria."

    minha banda não deu certo pq eu cismava em escrever refrões assim! rsrrs

    uma prosa poética sua... acho que em maioria os seus textos são muito sugestivos e poéticos, sem os rotular, claro, me identifico com esse aqui, esse sentimento de abarcar coisas titânicas nas mãos...

    deixo meus rotos aplausos

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  2. Não precisa pegar esse resto de sanidade, não precisamos de sanidade, precisamos ficar chapados para nos misturarmos ao vento.
    Precisamos mergulhar nesse mar de inconstâncias e incertezas para que nossa sobriedade possa significar algo que nos de prazer.
    Deixe o vermelho camuflar o ócio, talvez isso nos ensine algo sobre a vida...
    Muito bom esse post.

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