quarta-feira, 8 de julho de 2009

Átimo em pó

O céu composto de um veludo negro ridiculariza essa noite de sábado. Um céu diferente, repleto de mudanças e transformações. Era assim que eu o via, como um mistério. Um céu sem estrelas, tomadas por recortes de nuvens mais negras que a própria escuridão da noite. Sua força regia uma ira incomum, como se fosse lançar sua raiva pra me castigar, uma penitência por algo que eu fiz ou hei de fazer.
Os raios com seus rabiscos luminosos, dava-me certo pavor e algum tipo de encantamento, pois meus olhos vibram em seus desenhos, enquanto seus recortes violentos pairam pelo ar.
Eu simplesmente não sei onde eu estou, pareço perdido, porém confiante em minhas capacidades. Eu nunca tinha visto o céu por aquele ângulo, parecia que ele me envolvia com certo tipo de membrana, como se eu fizesse parte de sua própria complexidade. Os raios pareciam-me menos intensos em certo momento, as nuvens negras sumiam e as estrelas escondidas apareceram pra mim me convidando a tocá-las. Eu senti cada vez mais o relaxar do meu corpo, eu estava flutuando no espaço com uma tranqüilidade única. Pareceu-me familiar tudo aquilo, o céu negro cercado por estrelas, sua vertigem me possuía e me deliciava a passos lentos, porém certeiros.

5 comentários:

  1. E aí Cara!
    Atil em pó; seus temas complexos que fazem todo sentido. Senti-me esfacelado como as nuvens fragmentadas, umas negras e outras mais negras ainda. O obscuro tão poético e romântico como as catedrais em estilo gótico. Me senti em uma dessas...
    Cara, reli o Bicho de sete cabeças, depois passei por uma determinada situação e aí escrevi o Choque de ordem inspirado um pouco no seu. A sedução e sua face fatídica.
    Abraço grande!

    ResponderExcluir
  2. Olá!
    Grande!
    Total complexidade? Muita virtude!
    As imagens que você cria são fantásticas, inumeras vezes em teu texto me vi perscrutando o que há no céu que você descreve, muito talento!!!

    abraço e tens mais um seguidor

    até a próxima!

    ResponderExcluir
  3. Cara, eu quero escrever igual você quando eu crescer ;D

    ResponderExcluir
  4. as palavras escuras, pra se perder por entre, por sobre nuvens e céus tão antigos quanto agora, o que hoje é esse silêncio e essa imensidão. essa realidade infinita que cria com tuas palavras, como um desconforto que fica depois. Muito bom me perder por aqui. Abraços pra ti.

    ResponderExcluir
  5. Guilherme, você é um dos finalistas do Prêmio Literário Cidade de Porto Seguro/Contos-2009? Meus parabéns!

    ResponderExcluir