Fiquei pensando, gélido, como uma estátua de São Petersburgo, parecia que meu sangue havia engrossado, e todo movimento que exercia tinha suas conseqüências, dores abdominais rondavam-me, uma tromba d’água parecia mergulha-me num subterfúgio, eu estava me sentindo mais inútil que um Sudro. Estava irrequieto, a madrugada passava lenta, tão lenta como o veneno mais cruel e aparentemente tudo isso iria circular por horas intermináveis. Abri uma garrafa de uísque e fiquei embriagando-me, era o único ato que parecia ser coerente com o que eu estava pressentindo, eu tomava longas doses, enchia minha boca toda, sentia o álcool corroer o céu de dentes e engolia, literalmente, tudo de uma única vez. Era a única coisa que me fazia sentir mais quente. Era o cobertor mais quente que eu poderia conseguir. Rapidamente a garrafa ia se esgotando, eu parecia um ralo sem rolha, tudo o que caía sobre mim ia descendo por completo. O cinzeiro rapidamente se encheu de cigarro, eu estava desesperado, estava com medo de perdê-la, e toda vez que me lembrava da sua imagem era um novo choro. Eu parecia uma criança, estava mais bêbado do que uma porca, e isso fez reduzir a quantidade dos meus neurônios para o nível mínimo. Fui até a minha pequena biblioteca e peguei o livro “Cem anos de Solidão” do Gabriel Garcia Marquez e o abri, era ali que escondia meu pó, cheirei todo aquele saquinho com apenas uma puxada e me senti um monstro, parado em frente ao espelho, não conseguia me reconhecer, meu rosto havia se tornado um grande borrão, o que acabou me deixando desesperado.
Essas horas foram de pavor, de pânico, andava todo o apartamento compulsivamente, tentando devorar minhas idéias, tentando me esconder do medo, dos demônios que cresciam dentro de mim. Entrei no banheiro, tirei a minha roupa e me joguei debaixo do chuveiro, a água percorria a silhueta do meu corpo, e me meu coração batia tão forte como os tambores da guerra, eu estava submerso na idéia fixa de não ter mais Alice, dela pertencer a outros braços, um novo suor, que enriquecesse ainda mais a sua pele de sal. Sai do chuveiro, deitei na minha cama, ainda molhado, e tentei por horas dormir, sem sucesso, eu estava perturbado, havia um pensamento abrasivo na minha mente, estava precisando muito da presença de Alice, precisava sentir seu cheiro e foi o que fiz, abri o seu armário, abri uma mala de viagem dela e senti o perfume das suas roupas, uma por uma, e acabei ficando dentro da mala, misturado as suas peças de roupa, encolhido, até adormecer.
tbm depois do presente que garcia marquez te deu tinha mesmo que dormir na mala, na verdade nem era pra dormir... rs eu posso brincar! gui o texto tá mt irado e conexão entre a cocaína e alice é perfeito o personagem precisou do cheiro dos dois pra se sentir acalentado, mt bom! abs!
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