domingo, 23 de outubro de 2011

A noite nunca tem fim

      Aos meus amigos

 Liguei para o Gabriel e pro Francisco para marcar da gente tomar umas cervejas, estava tão feliz que tudo o que eu desejava era compartilhar minha felicidade com meus melhores amigos. Queria apresentá-los a Alice e perguntar o que eles achavam dela. Tinha quase certeza que iriam gostar, mas é sempre bom sentir o que os outros têm a dizer pra se ter certeza quando algo é verdadeiramente importante. Homem quando nasceu pra ser otário, é otário a vida toda e eu não queria ser um daqueles homens que não vê e não ouve nada por causa de mulher. Gabriel disse que iria ao encontro, mas acabou não indo, Emilie, a francesinha dele, havia voltado para França e ele me disse no dia seguinte ao nosso encontro que não estava se sentindo muito bem, algo completamente compreensível, quando algo importante se torna distante. Gabriel me explicou que ela precisava fazer uns exames médicos lá na França e que precisava ganhar uns “Euros” para quando voltar ao Brasil, voltar definitivamente, coisa que não demoraria muito a acontecer, pois em março estaria de volta pra ele. Francisco, sim, iria ao encontro, estava curiosíssimo para conhecer a mulher que tanto me ouviu falar. Encontramo-nos na Rua Dom Hélder Câmara, na altura do Shopping Nova América, para irmos juntos ao “Escritório”- Bar da Tijuca que marquei de me encontrar com Alice. Pegamos o metrô e não mais que meia-hora estávamos no local combinado. Alice me disse que levaria uma amiga pro Francisco que já, antes mesmo de conhecê-la, tinha motivos suficientes pra gostar dela. Gostou ainda mais da Alice quando viu a Raquel, sua amiga, que era tão pequenina quanto ele, porém, apesar da estatura, tinha uma beleza que quimicamente era compatível com a dele. A Raquel tinha um par de coxas grossas, sóbrias, que deixou meu amigo titubeando, ou melhor, babando, apenas no ato de comê-la com os olhos. Entre algumas conversas mescladas entre nós, num curtíssimo espaço de tempo, eles dois já estavam se beijando e beijavam de uma forma que parecia que aquela cena na minha frente nunca iria ter fim. Estávamos mais misturados na nossa amizade do que a fumaça do cigarro que tragávamos, era como se o limite estivesse fugindo da nossa frente e estávamos tão dispostos a ultrapassar o velocímetro desse carro, que duas caixas de cerveja desceram facilmente por nossas guelras. Fomos praticamente expulsos do Escritório, já deveriam ser umas quatro horas da manhã de uma segunda-feira, pagamos a conta e partimos à procura de outro bar que estivesse aberto até àquela hora, coisa que não conseguimos achar. Decidimos ir para outro lugar, iríamos nós quatro no local mais improvável possível. Pegamos um ônibus, e fomos fazendo arruaça, o motorista do ônibus nos encarava com um olhar desafiador, como se pudesse a qualquer momento puxar um revólver e atirar na gente. Descemos na Praça da Bandeira, atravessamos a passarela, e entramos num local escuro, muito escuro mesmo, estávamos na Vila Mimosa. Todas as pessoas que vimos estavam completamente drogadas, aquele local emitia medo, parecia que a qualquer momento poderíamos ser abordados, ser assaltados, porém, nem o risco de perder a vida parecia um motivo grande o bastante para impedir que bebêssemos. Uma chuva fina de repente começou a cair e meus pés encharcaram-se pela água da chuva e por uma água negra, provavelmente de um esgoto a céu aberto, e isso era repugnante, era nojento, pois essa água estava parada dentro do meu sapato e eu a imaginava penetrando dentro da minha pele embriagando minhas células sadias. Vimos um bar ao longe, e ele parecia interessante ou ao menos sossegado; do lado de fora vimos que suas luzes azuladas não aparentavam discrição o que acabou guiando ainda mais os nossos olhos. Entramos e Alice logo foi pedindo uma cerveja, e antes mesmo do garçom encostar sua mão no freezer, Raquel perguntou a ele quanto custava e esse disse: - “Sete reais a garrafa”. Ficamos indignados. Mas não tanto quanto Alice, ela bateu a mão no balcão e disse apontando o dedo indicador na cara do garçom: - “Você é maluco por acaso”? – Francisco apenas colocou a mão no rosto e retrucou para irmos embora. Alice estava quase subindo em cima do balcão e se não a segurássemos teria batido nele devido à fúria que se desprendia do seu lado mais sombrio. E Alice não parava e continuava seu xingamento: -“Seu merda, seu filho da puta, vai tomar no cu seu garçom de merda”. Francisco enlouqueceu, estava morrendo de medo de sermos linchados por todos aqueles “cracudos” que estavam a nossa volta, realmente todos estavam nos olhando e parecia que a qualquer momento iriam vir calar as nossas bocas. Peguei Alice pelo braço e saímos todos nós correndo, vimos o primeiro táxi que surgiu e praticamente nos jogamos em cima dele, e como eu ria daquilo tudo, Alice e Raquel também se deliciavam com o que acabamos de viver, Francisco estava apavorado e só reclamava: - “Essa sua namorada é maluca, é maluca!” – E eu completei a sua afirmação respondendo – “Por isso que eu a amo, meu amigo, por isso que eu a amo”!

2 comentários:

  1. Nossa, foram parar logo na VM...
    adorei rsrsrsr!!!

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  2. é isso foi cruel, essa cidade tem cicerones estranhos e cantos de sombra e se chove e ainda é segunda-feira aí é que tudo fica mt estranho escabroso punk... essa é nossa vida o nosso mundo que nunca vai ser o bastante...abs esse dia vai ficar pra sempre na memória...amigão...

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