domingo, 20 de março de 2011

Eu apenas concluí que ela escorregava por entre as cinzas

Memórias de um homem esquecido

Pensei em Alice, no que ela estaria fazendo, mesmo sabendo que o nosso amor era presente, sincero, parecíamos estar tão distantes um do outro, um muro de Berlim parecia nos dividir, era como se os nossos corpos permanecessem juntos e as nossas cabeças tivessem sido desgrudadas uma da outra; sentia-me sozinho demais, pensativo demais e via nos olhos de Alice que ela queria outras coisas pra sua vida, coisas essas que eu não era capaz de dá-la. Sentia-me traído pelo meu próprio sentimento, era um amor transformado em algodão, um sentimento amorfo, uma sensação vazia que não tinha mais necessidade de se chamar de sonho.

4 comentários:

  1. Rapaz, muito bom!

    Difícil encontrar textos que falem com essa sutileza desse momento do amor.
    _

    Obrigado pela visita!
    Abraço.

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  2. Diz um poeta que não me recordo o nome: Quando se descobre que é encanto...

    Seu texto é muito conciso. Gostei do seu espaço, vou ficar.

    abraço e boa semana pra você.

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  3. E aí Guilherme!

    Quanto tempo cara... Passei por aqui algumas vezes, mas não comentei. Acho que compreende isso. Tenho visto muita gente escrevendo sobre coisas muito parecidas, sobre sentimentos muito próximos. E vejo como estamos sendo sinceros com nossas dores, como estamos sendo explícitos com nossos amores, e, principalmente, a paixão que a palavra nos tem arrancado. Gosto desse lugar aqui, e chega certo momento que, sentindo inquieta saudade, se faz necessário revisitar velhos hábitos.

    Desse texto e do anterior, posso dizer que essas ruas da vida e do coração, ou do ego, são muitas vezes interditadas, senão pelos outros por nós mesmos. À eternidade ficaram os santos, isso após morrerem em um ponto final, e recomeçarem em um outro parágrafo. Não tenhamos medo, são tantas "voltas e voltas", emaranhados de trilhas e descaminhos. E regendo isso, não uma lei, mas um conflito de forças, que acredito sermos fortes para dobrarmos isso.

    Estão ótimos seus textos.
    Abraço amigo.

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  4. este amor amargurado, essa dor que não passa, essas coisas disformes, desejos, nosso corpo pede, amor nossa cultura pede que se ame, somos nós prisioneiros de um costume natural social, que nos diz: temos de amar alguem. e essa coisa se gruda na gente, nos faz morrer aos poucos e aprisiona que a gente quer que seja feliz, como pode isso? desejar que alguem fique ao nosso lado só pq gostamos dela, que esqueça todos os seus hábitos antigos, que entregue sua vida a nós e vice-versa... sei lá pode ser mas ando meio descrente dessa forma de amar que a sociedade nos impos a acreditar...pode achar, meu amigo, que isso é demagogia ou estou tentando a me adaptar forçadamente a minha mais nova realidade, mas não é isso, e sei desde já que vai descordar de mim, mas essa velha forma de amor é pra ser pensada... abs!

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