Às vezes existe tanto desespero, tanta casca saindo das minhas costas, que esqueço que tudo é uma questão de virar uma página; e a página passada, acredite, foi umas das melhores proezas, uma das melhores coisas que um homem poderia ter lido, provado. Não me acostumei a esquecer aquelas linhas retas, acentuadas, coloridas de uma libido, de uma insinuação que canta, encanta e me mordem as orelhas. Julguei que seria a minha mulher e que a eternidade cavaria as nossas covas rasas. Um dia perdi os compassos da minha própria vida, meus parágrafos rolavam, descambavam, e o que seria um respiro se tornou em um grande abandono...! Tudo por causa dele, que arrancou de mim a minha página predileta, me fez sofrer e cair nesse desespero infindo de querer arrancar os olhos. Roubou, ele, a personagem principal do meu livro, me fez trocar a minha vírgula pelo seu ponto final.
Belíssimo amor, quase chorei... =]
ResponderExcluirrevela-se assim o ponto final de cada coisa uns entrando na história do outro, invadindo o que é seu, e querendo beber de cada linha suas partes bonitas...
ResponderExcluirUm conto cheio deste teor ao qual você habituou, tão singularmente, os olhos de quem te lê. A estranha forma de ver e dar voz aos fatos da vida. Muito bom voltar aqui. Abraços!
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