quinta-feira, 3 de junho de 2010

Alvará de soltura

Dentro do ar existem vozes, voando, vagando notas desconhecidas. Talvez nem sejam tão desconhecidas assim, apenas esquecidas tamanha à vontade por uma única. Todas as outras soam baixas e imperceptíveis pra mim, e isso não é auto-suficiência, pois pra isso eu deveria ser sozinho e isso não sou. Tenho o zumbido que caminha ao meu lado configurando suas canções antropofágicas, e isso me faz esquecer do mundo e o mundo não é nada se não existe tais corpos-cancionais... Essas são as cordas que quero pestanejar, fazer o acorde saudoso da gaita e dos abraços no luzir da lua cheia. E essa canção me salva da selvageria, me salva da correria de uma cidade tão grande como meu umbigo. Escutar tal voz me faz querer dar passos um após outro, e assim me fazer correr tão decidido ao seu encontro.

2 comentários:

  1. Te vi seguindo a canção, procurando a voz, como o pica-pau seguindo o cheiro de comida. rs

    Ah, os encontros...!

    ResponderExcluir
  2. belos escritos... parabéns
    venho acompanhando seu blog alhum tempo...

    ResponderExcluir