domingo, 22 de maio de 2011

Azulejo

As luzes estavam apagadas e eu encontrava-me brincando com o meu chaveiro, não apenas um chaveiro, muito mais do que isso, era também uma lanterna que emitia uma luz azulada. O relógio prateado encontrava-se na parede e as horas no escuro para nada me serviam. Dei-me conta de que não tenho noção de tempo e chutei que estava nessa brincadeira no breu por trinta minutos. Apontei a luz azulada no relógio prateado e descobri que estava cerca de duas horas refletindo, não sei o que, na imensidão do escuro. E pensei: - “Por que não vivo no escuro”? Por que não perco a noção do tempo? Penso em como seria bom não ser notado, criticado ou até mesmo apunhalado. Às vezes, queria fugir sem sair do meu lugar; saber como perder a noção do que é ter a noção do perder. Se é que dá pra entender isso que disse agora. São tantas coisas ao meu redor, tantas coisas que meus dois olhos castanhos não captam que eu perdi o foco do que olhar. Estava com fome e meu estômago tornou-se num grande ruído que intermitentemente assombra-me. Sinto falta de rever certas pessoas, sinto falta de ser importante; aqui sou apenas mais um desesperado que procura ter um nome. Estou com fome e as pessoas não são generosas...

2 comentários:

  1. Estes teus textos tem uma filosofia muito familiar pra mim. Sempre bom voltar aqui.

    ResponderExcluir
  2. quanto tempo não venho aqui, rs! cara esse texto é mt bom, sentir-se importante alimenta o ego, eu as vezes tbm tenho fome!

    abs, fran!

    ResponderExcluir