As luzes estavam apagadas e eu encontrava-me brincando com o meu chaveiro, não apenas um chaveiro, muito mais do que isso, era também uma lanterna que emitia uma luz azulada. O relógio prateado encontrava-se na parede e as horas no escuro para nada me serviam. Dei-me conta de que não tenho noção de tempo e chutei que estava nessa brincadeira no breu por trinta minutos. Apontei a luz azulada no relógio prateado e descobri que estava cerca de duas horas refletindo, não sei o que, na imensidão do escuro. E pensei: - “Por que não vivo no escuro”? Por que não perco a noção do tempo? Penso em como seria bom não ser notado, criticado ou até mesmo apunhalado. Às vezes, queria fugir sem sair do meu lugar; saber como perder a noção do que é ter a noção do perder. Se é que dá pra entender isso que disse agora. São tantas coisas ao meu redor, tantas coisas que meus dois olhos castanhos não captam que eu perdi o foco do que olhar. Estava com fome e meu estômago tornou-se num grande ruído que intermitentemente assombra-me. Sinto falta de rever certas pessoas, sinto falta de ser importante; aqui sou apenas mais um desesperado que procura ter um nome. Estou com fome e as pessoas não são generosas...
domingo, 22 de maio de 2011
terça-feira, 10 de maio de 2011
O carnaval
A memória permanece extasiada como um inferno, e dele, o inferno, eu faço um carnaval de drogas e alegorias inquietantes. Como solução de que? De uma possível volta talvez, de uma reviravolta do meu coração em conserva. Não espero disso que escrevo agora um sopro, apenas um espirro de vida, malhando-me, colorindo-me de tons tão claros já que não creio que a felicidade plena exista. Dê-me pelo menos um dos seus pigmentos momentâneos pra fazer-me assim, pelo menos mais humano. Não penso em grito, não penso em ferir minha garganta, não penso em nada que não seja você de volta pra mim. Pensando assim, de forma tão egoísta, decidi-lhe escrever esse livro como forma de recompensa por ter-me abandonado, por ter-me esquecido. Sei dos motivos maiores e das conseqüências que certamente criei, mas espero que pense bem sobre isso quando eu abrir a minha vida, esticando-a como uma bexiga velha. Existe muito de você dentro de mim, meu coração como bem sabe é pequeno e guarda rancor pelo planeta e seu movimento de translação. Não me leve a mal se desagradar-lhe, pois dentro do meu minúsculo coração existe muito seu nome, como alimento, como base de uma suposta inspiração. Você já leu parte dos meus manuscritos, sabe bem sobre o entendimento que tenho das coisas e sobre você. Você é uma prepotente quando diz que não a conheço tão plenamente. Cobrou de mim o entendimento total dos seus neurônios quase mortos. Pediu que escrevesse um livro sobre você, e tão decididamente não escreverei um livro teu, e sim, sobre mim. Como você bem disse: “Você não me conhece essa que se referiu não sou eu”. Pois bem, eu sei cada caminho das suas coxas e cada luz dos seus pêlos, não diga algo que você não sabe sobre você mesma...
segunda-feira, 2 de maio de 2011
...
Sabem aqueles dias que você acorda com uma sensação estranha, uma dor aguda dentro do peito, um cheiro diferente, no céu há nuvens negras e na boca um puta gosto amargo de morangos mofados? Então, esse é o sintoma quando algo precioso da nossa vida parte e não há a possibilidade de ao menos dar e receber um abraço.
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