Quando se afoga qualquer sentido tudo o que vem a minha cabeça é: - “Como me livrar desse vácuo permanente”? Daquela vez, juro a vocês, eu quase morri afogado e seria capaz de repetir tudo novamente para ir atrás daquela sensação de anestesia na minha pele. Meus carbonos ferviam e minhas proteínas enovelavam-se, tudo parecia me consumir e mesmo sabendo que a morte me habitava e me punha dentro do seu cercado particular, o prazer e os significados da liberdade faziam um significado muito maior do que qualquer outra coisa pra mim. Ela era a melhor droga enquanto nos drogávamos juntos, era como se amá-la levasse os tons para cima e para baixo e toda a melodia tocasse ainda mais rápida. As horas de torpor queimavam conforme as fabulosas velas romanas, e era dessa forma que meu coração alcançava seu próprio término. A superfície que aproxima do fim me proporciona suas intenções e suas saudades; o contato mútuo, a faísca, a combustão e a fuligem... Tudo isso era fácil de encontrar e só podia ser encontrado naquelas horas especiais. Depois de erradicá-la das minhas frases, me senti como os sonetos mortos que leio todos os dias; porém, mesmo assim penso nela, exatamente, na sua última nota soprada nos meus ouvidos, como um saxofone, aquela nota doída que me disse para amá-la para sempre. Meus pulmões não agüentam tanta fumaça.
Kind of blue.Estou me sentindo Davis, Coltaine, vamos expelir nossas fumaças, folingens e desincantos. entrar em extase, torpor. Lembrar de nossas saudades, enquanto esquecemos nossos vazios. E viva as cervejas geladas! convite aceito.
ResponderExcluirQue belíssimo texto.
ResponderExcluirA sutileza e a analogia amor/blues como duas drogas torna seu texto tão refinado, que a vontade de ler e reler é inevitável.
Como sempre, seu talento com as palavras é inquestionável.
é sempre um prazer ler e reler e reler e reler você.
Grande beijo, Guilherme.
ah a fumaça!!!!
ResponderExcluireste teu blog é formidável!
é de muita qualidade o teu texto
obrigada por teu talento!
"aquela nota doída que me disse para amá-la para sempre. Meus pulmões não agüentam tanta fumaça."
ResponderExcluirEsse amor mais parece um câncer. Fumar demais dá nisso, essa fumaça...
De uma amargura belíssima esse.