Todos nascem iguais, isso independe de classe social, religião ou credo. Não importa se é homem ou mulher, somos iguais. Uns nascem em uma relação sexual pelos frutos da paixão, com o incomensurável desejo sustentado pelo laço mais forte, o laço do amor. Outros como eu, nascem de uma relação sustentada pelo nunca mais, como à tormenta do mais revoltoso mar, como se eu fosse um movimento inciso, uma moradia errada para todo o mal.
Eu nunca fui muito bom em biologia, eu nem sei por que se estudar tantas células, se a verdade independe delas, e nem sei o qual motivo de se citar células e verdades nesse relato, mas de alguma forma eu procuro respostas entre os vãos da incompreensão de tais verdades e células.
Quando eu cheguei a esse mundo, a convicção de que nasci da mesma forma que todas as crianças se fez mais do que evidente pra quem quer que fosse. Todos nascem pelo primor da igualdade, todos nós nascemos pelados, sem dentes e chorando. O que nos diferencia uns dos outros é quando crescemos, e nos tornamos uma vida independente, ou seja, viramos a real compreensão dos nossos atos. Onde a árvore de uma má criação ganha galhos e se revela negra na inclemência do mundo.
Quem foi meu pai? Eu não sei o que posso inventar para deduzi-lo. Eu não faço a mínima idéia de quem ele tenha sido, mas provavelmente um amante de boteco, sujo e sem escrúpulos. Minha mãe foi uma prostituta, que se encurvava por qualquer misero tostão, não por necessidade e sim por ser uma delicada apreciadora do sexo.
Talvez cada um tenha o futuro que mereça ter, o meu foi feito pela falta de amor, a ternura esquecida naquele verso estranho da mais estranha poesia. Isso foi arrecadando maus sentimentos em mim, foi me juntando traumas e mais traumas, era o desejo da morte no júbilo da vida.
Eu me tornei um homem frio, sem coração, calculista e desconfiado. O mundo pra mim era feito de plástico, a cor cinza com o rancor da vida se tornou meu estilo de vida. Isso não é sentido figurado nem nada, eu via o mundo em distorções de polietileno e polipropileno. Árvores secas a massacrar a vida de um homem sem motivo pra viver. Mulheres de plástico pra me julgar covarde, era a vida atrás de uma pergunta qualquer, um mísero sentindo apagado de luz, o fervor inexistente de um coração que não irradia sangue e sim óleo diesel.
Ludibriar mulheres com juras de amor inexistente, histórias e proezas que eu supostamente tinha passado pelo mundo. Eu era o grande charlatão. Não tinha moradia fixa, subia na minha motocicleta e ia de cidade em cidade, espalhando aos sete ventos minhas ardilosas e plastificadas versões de mim mesmo.
Eu era um freqüentador assíduo de bordéis, era a versão ainda mais nojenta e ordinária que meu pai. Talvez por ter nascido dentro de uma casa de prostituição, eu me fazia sempre o melhor, o mais esperto, o complemento irregular das verdades supostas. Vivia sempre rodeado por mulheres, eu sabia compreender suas cabeças, eu sabia como afeta-las. As palavras eram minhas “piores” armas, o complemento de muitas delas... As benditas frases.
Minha fama foi se propagando. Muitas mulheres por onde eu passava se suicidavam, o amor exagerado que eu as fazia sentir era um balé de passos tristes conduzido pela dependência da minha partida. Mesmo não tendo nada haver com suas mortes eu era perseguido pela polícia como um inimigo da sociedade cristã, um inimigo público. Procura-se “O colecionador de almas”.
Tornei-me um tipo de Dom Juan, um monstro que vaga sugando e colecionando todas as almas em um vidrinho. Nos jornais saiam muitas histórias, como verdadeiras sagas ao meu respeito, o que proporcionava fantasia nas cabeças de todos. Muitos afirmavam convictos que eu havia feito um pacto com o Diabo, outros afirmavam que eu era o próprio.
A verdade é que eu não sabia o que estava fazendo, talvez nem seja esse psicopata todo que estejam noticiando. Apenas preciso procurar a parte do quebra-cabeça, o pedaço que seja primordial para acender a fagulha de uma nova emoção. Eu preciso sair dessa sombra, eu quero... Mas sou fraco.
Um dia resolvi mudar, pois havia conhecido uma formosa mulher em um bordéu, cuja alma não conseguia roubar. Ela tinha grandes e oblíquos olhos como os de Capitu, o que me deu uma verdadeira e diferente sensação de preenchimento.
O Dom Juan do novo século havia se aposentado. A certeza se fez o firmamento para o novo e existencial contorno de minha aura. Enfim entrelacei minha vida em outra, o que é uma forma quase irracional de contentamento. Só faltava-me conquistar a minha Capitu, para eu despojar a verdadeira essência de ser um novo ser.
No jornal havia saído à verdadeira face do colecionador de almas, um esboço perfeito do meu rosto. Seria o fim? Por incrível que pareça aquilo foi algo que encantou a minha Capitu, ela finalmente mostrou o que o amor contido nela poderia ser em uma pessoa como eu. Subimos as escadas apavoradamente loucos para desfrutar os prazeres recíprocos do amor, uma inflamação voraz de paixão.
Foi-se horas e mais horas, era a noite que se deleitava com as verdades inacabadas de um suplemento quase mágico de uma vida passada. Era o fulgor, éramos uma simbiose... Somos resquícios de fuligem.
No dia seguinte eu descobri que realmente era um tipo de monstro, pois eu havia ido embora, deixado o lado esquerdo da cama, onde o frio se fez por horas quentes. Havia feito mais uma mulher se suicidar, mais uma alma... A melhor delas. A verdade é que eu nasci diferente, não foi meu pai e nem minha mãe que me tornaram assim, foram minhas células de plástico que formaram metástase em um todo.
Eu nunca fui muito bom em biologia, eu nem sei por que se estudar tantas células, se a verdade independe delas, e nem sei o qual motivo de se citar células e verdades nesse relato, mas de alguma forma eu procuro respostas entre os vãos da incompreensão de tais verdades e células.
Quando eu cheguei a esse mundo, a convicção de que nasci da mesma forma que todas as crianças se fez mais do que evidente pra quem quer que fosse. Todos nascem pelo primor da igualdade, todos nós nascemos pelados, sem dentes e chorando. O que nos diferencia uns dos outros é quando crescemos, e nos tornamos uma vida independente, ou seja, viramos a real compreensão dos nossos atos. Onde a árvore de uma má criação ganha galhos e se revela negra na inclemência do mundo.
Quem foi meu pai? Eu não sei o que posso inventar para deduzi-lo. Eu não faço a mínima idéia de quem ele tenha sido, mas provavelmente um amante de boteco, sujo e sem escrúpulos. Minha mãe foi uma prostituta, que se encurvava por qualquer misero tostão, não por necessidade e sim por ser uma delicada apreciadora do sexo.
Talvez cada um tenha o futuro que mereça ter, o meu foi feito pela falta de amor, a ternura esquecida naquele verso estranho da mais estranha poesia. Isso foi arrecadando maus sentimentos em mim, foi me juntando traumas e mais traumas, era o desejo da morte no júbilo da vida.
Eu me tornei um homem frio, sem coração, calculista e desconfiado. O mundo pra mim era feito de plástico, a cor cinza com o rancor da vida se tornou meu estilo de vida. Isso não é sentido figurado nem nada, eu via o mundo em distorções de polietileno e polipropileno. Árvores secas a massacrar a vida de um homem sem motivo pra viver. Mulheres de plástico pra me julgar covarde, era a vida atrás de uma pergunta qualquer, um mísero sentindo apagado de luz, o fervor inexistente de um coração que não irradia sangue e sim óleo diesel.
Ludibriar mulheres com juras de amor inexistente, histórias e proezas que eu supostamente tinha passado pelo mundo. Eu era o grande charlatão. Não tinha moradia fixa, subia na minha motocicleta e ia de cidade em cidade, espalhando aos sete ventos minhas ardilosas e plastificadas versões de mim mesmo.
Eu era um freqüentador assíduo de bordéis, era a versão ainda mais nojenta e ordinária que meu pai. Talvez por ter nascido dentro de uma casa de prostituição, eu me fazia sempre o melhor, o mais esperto, o complemento irregular das verdades supostas. Vivia sempre rodeado por mulheres, eu sabia compreender suas cabeças, eu sabia como afeta-las. As palavras eram minhas “piores” armas, o complemento de muitas delas... As benditas frases.
Minha fama foi se propagando. Muitas mulheres por onde eu passava se suicidavam, o amor exagerado que eu as fazia sentir era um balé de passos tristes conduzido pela dependência da minha partida. Mesmo não tendo nada haver com suas mortes eu era perseguido pela polícia como um inimigo da sociedade cristã, um inimigo público. Procura-se “O colecionador de almas”.
Tornei-me um tipo de Dom Juan, um monstro que vaga sugando e colecionando todas as almas em um vidrinho. Nos jornais saiam muitas histórias, como verdadeiras sagas ao meu respeito, o que proporcionava fantasia nas cabeças de todos. Muitos afirmavam convictos que eu havia feito um pacto com o Diabo, outros afirmavam que eu era o próprio.
A verdade é que eu não sabia o que estava fazendo, talvez nem seja esse psicopata todo que estejam noticiando. Apenas preciso procurar a parte do quebra-cabeça, o pedaço que seja primordial para acender a fagulha de uma nova emoção. Eu preciso sair dessa sombra, eu quero... Mas sou fraco.
Um dia resolvi mudar, pois havia conhecido uma formosa mulher em um bordéu, cuja alma não conseguia roubar. Ela tinha grandes e oblíquos olhos como os de Capitu, o que me deu uma verdadeira e diferente sensação de preenchimento.
O Dom Juan do novo século havia se aposentado. A certeza se fez o firmamento para o novo e existencial contorno de minha aura. Enfim entrelacei minha vida em outra, o que é uma forma quase irracional de contentamento. Só faltava-me conquistar a minha Capitu, para eu despojar a verdadeira essência de ser um novo ser.
No jornal havia saído à verdadeira face do colecionador de almas, um esboço perfeito do meu rosto. Seria o fim? Por incrível que pareça aquilo foi algo que encantou a minha Capitu, ela finalmente mostrou o que o amor contido nela poderia ser em uma pessoa como eu. Subimos as escadas apavoradamente loucos para desfrutar os prazeres recíprocos do amor, uma inflamação voraz de paixão.
Foi-se horas e mais horas, era a noite que se deleitava com as verdades inacabadas de um suplemento quase mágico de uma vida passada. Era o fulgor, éramos uma simbiose... Somos resquícios de fuligem.
No dia seguinte eu descobri que realmente era um tipo de monstro, pois eu havia ido embora, deixado o lado esquerdo da cama, onde o frio se fez por horas quentes. Havia feito mais uma mulher se suicidar, mais uma alma... A melhor delas. A verdade é que eu nasci diferente, não foi meu pai e nem minha mãe que me tornaram assim, foram minhas células de plástico que formaram metástase em um todo.