sexta-feira, 31 de julho de 2009

Conto – Versões plastificadas de uma célula.

Todos nascem iguais, isso independe de classe social, religião ou credo. Não importa se é homem ou mulher, somos iguais. Uns nascem em uma relação sexual pelos frutos da paixão, com o incomensurável desejo sustentado pelo laço mais forte, o laço do amor. Outros como eu, nascem de uma relação sustentada pelo nunca mais, como à tormenta do mais revoltoso mar, como se eu fosse um movimento inciso, uma moradia errada para todo o mal.
Eu nunca fui muito bom em biologia, eu nem sei por que se estudar tantas células, se a verdade independe delas, e nem sei o qual motivo de se citar células e verdades nesse relato, mas de alguma forma eu procuro respostas entre os vãos da incompreensão de tais verdades e células.
Quando eu cheguei a esse mundo, a convicção de que nasci da mesma forma que todas as crianças se fez mais do que evidente pra quem quer que fosse. Todos nascem pelo primor da igualdade, todos nós nascemos pelados, sem dentes e chorando. O que nos diferencia uns dos outros é quando crescemos, e nos tornamos uma vida independente, ou seja, viramos a real compreensão dos nossos atos. Onde a árvore de uma má criação ganha galhos e se revela negra na inclemência do mundo.
Quem foi meu pai? Eu não sei o que posso inventar para deduzi-lo. Eu não faço a mínima idéia de quem ele tenha sido, mas provavelmente um amante de boteco, sujo e sem escrúpulos. Minha mãe foi uma prostituta, que se encurvava por qualquer misero tostão, não por necessidade e sim por ser uma delicada apreciadora do sexo.
Talvez cada um tenha o futuro que mereça ter, o meu foi feito pela falta de amor, a ternura esquecida naquele verso estranho da mais estranha poesia. Isso foi arrecadando maus sentimentos em mim, foi me juntando traumas e mais traumas, era o desejo da morte no júbilo da vida.
Eu me tornei um homem frio, sem coração, calculista e desconfiado. O mundo pra mim era feito de plástico, a cor cinza com o rancor da vida se tornou meu estilo de vida. Isso não é sentido figurado nem nada, eu via o mundo em distorções de polietileno e polipropileno. Árvores secas a massacrar a vida de um homem sem motivo pra viver. Mulheres de plástico pra me julgar covarde, era a vida atrás de uma pergunta qualquer, um mísero sentindo apagado de luz, o fervor inexistente de um coração que não irradia sangue e sim óleo diesel.
Ludibriar mulheres com juras de amor inexistente, histórias e proezas que eu supostamente tinha passado pelo mundo. Eu era o grande charlatão. Não tinha moradia fixa, subia na minha motocicleta e ia de cidade em cidade, espalhando aos sete ventos minhas ardilosas e plastificadas versões de mim mesmo.
Eu era um freqüentador assíduo de bordéis, era a versão ainda mais nojenta e ordinária que meu pai. Talvez por ter nascido dentro de uma casa de prostituição, eu me fazia sempre o melhor, o mais esperto, o complemento irregular das verdades supostas. Vivia sempre rodeado por mulheres, eu sabia compreender suas cabeças, eu sabia como afeta-las. As palavras eram minhas “piores” armas, o complemento de muitas delas... As benditas frases.
Minha fama foi se propagando. Muitas mulheres por onde eu passava se suicidavam, o amor exagerado que eu as fazia sentir era um balé de passos tristes conduzido pela dependência da minha partida. Mesmo não tendo nada haver com suas mortes eu era perseguido pela polícia como um inimigo da sociedade cristã, um inimigo público. Procura-se “O colecionador de almas”.
Tornei-me um tipo de Dom Juan, um monstro que vaga sugando e colecionando todas as almas em um vidrinho. Nos jornais saiam muitas histórias, como verdadeiras sagas ao meu respeito, o que proporcionava fantasia nas cabeças de todos. Muitos afirmavam convictos que eu havia feito um pacto com o Diabo, outros afirmavam que eu era o próprio.
A verdade é que eu não sabia o que estava fazendo, talvez nem seja esse psicopata todo que estejam noticiando. Apenas preciso procurar a parte do quebra-cabeça, o pedaço que seja primordial para acender a fagulha de uma nova emoção. Eu preciso sair dessa sombra, eu quero... Mas sou fraco.
Um dia resolvi mudar, pois havia conhecido uma formosa mulher em um bordéu, cuja alma não conseguia roubar. Ela tinha grandes e oblíquos olhos como os de Capitu, o que me deu uma verdadeira e diferente sensação de preenchimento.
O Dom Juan do novo século havia se aposentado. A certeza se fez o firmamento para o novo e existencial contorno de minha aura. Enfim entrelacei minha vida em outra, o que é uma forma quase irracional de contentamento. Só faltava-me conquistar a minha Capitu, para eu despojar a verdadeira essência de ser um novo ser.
No jornal havia saído à verdadeira face do colecionador de almas, um esboço perfeito do meu rosto. Seria o fim? Por incrível que pareça aquilo foi algo que encantou a minha Capitu, ela finalmente mostrou o que o amor contido nela poderia ser em uma pessoa como eu. Subimos as escadas apavoradamente loucos para desfrutar os prazeres recíprocos do amor, uma inflamação voraz de paixão.
Foi-se horas e mais horas, era a noite que se deleitava com as verdades inacabadas de um suplemento quase mágico de uma vida passada. Era o fulgor, éramos uma simbiose... Somos resquícios de fuligem.
No dia seguinte eu descobri que realmente era um tipo de monstro, pois eu havia ido embora, deixado o lado esquerdo da cama, onde o frio se fez por horas quentes. Havia feito mais uma mulher se suicidar, mais uma alma... A melhor delas. A verdade é que eu nasci diferente, não foi meu pai e nem minha mãe que me tornaram assim, foram minhas células de plástico que formaram metástase em um todo.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Concurso Cidade de Porto Seguro - Contos

Saiu finalmente o resultado do concurso de contos da cidade de Porto Seguro. Pra quem achou que eu ganhei alguma coisa está muito enganado, não ganhei nada.
Quando pensei em ingressar nesse mundo de competições não imaginei que conseguiria algum destaque. Como disse acima não ganhei o prêmio de mil reais. Mas isso não significa que sai perdendo.
Provavelmente se eu ganhasse esse dinheiro gastaria com futilidades, tomaria cerveja com meus amigos, muitas cervejas... (o que seria ótimo), compraria um estoque quase vitalício de maços de cigarro, de preferência Marlboro Light (o que seria ótimo também, já que R$ 4,50 está muito caro), e compraria finalmente o fogão azul, velho e surrado pela ferrugem que tanto eu imagino e idealizo. Quem é que tem um fogão azul? Eu quero ter um!
Esse concurso da cidade de Porto Seguro foi minha primeira experiência em algum tipo de concurso de literatura, isso é bom pra medir a evolução e os parâmetros que minha escrita está se tornando. Já que minha professora de português do colegial nunca me deu mais que “sete” em uma redação. Porra, eu não queria ficar falando sobre coisas que não me interessava.
Faça uma dissertação sobre... “O cultivo de arroz integral do Japão”. Que coisa chata. Tirando isso tinha uma menina gostosa que me ajudava a tirar os meus “setes”. Ela sentava bem ao meu lado, toda aula de redação, e sempre usava uns decotes provocantes. E quando vinha me pedir alguma coisa, quase lançava seus peitos na minha cara. Ou seja, concentração Bye Bye.
Eu tenho um sério problema de concentração, não consigo fazer nada com alguém falando no meu ouvido. Nos meus tempos de faculdade (me formei no final do ano passado), meus colegas de classe achavam que eu era algum prepotente ou sabichão que não gostava de se misturar. Uns três meses depois, eles perceberam que eu não regulo muito bem das idéias. Caralho, eu tenho adoração por lagartixas, não posso ver uma, pois logo me desligo do mundo. É curioso como ela consegue grudar nas paredes, e quando ela fica ali toda parada, esperando o momento certo pra pegar o pernilongo.
Pra mim isso é tão emocionante como uma tabelinha do Romário e do Bebeto na copa de 94. Mas isso não tem nada haver com o concurso.
Enfim, não ganhei o concurso e nem os mil reais, mas consegui uma publicação, é o que eu acho o mais importante. É legal você conseguir coisas por você mesmo, sem depender de ninguém. Eu já fui vencedor de três concursos de melhor banda de rock, mas não venci sozinho. Conseguir uma publicação foi algo meu, só meu!
Dentro do meu jeito estabanado de ser eu vou construindo as palavras, as frases e a capa do livro que é a minha vida. Alguém me disse uma vez que você é o que você conquista. Eu sou uma Antologia.

O resultado do concurso está disponível http://www.vialiteraria.com/

O conto "A Carta" foi algo muito diferente que eu escrevi. Ela está postada aqui no blog, jogada nas profundezas dos dias que se passaram.

Desculpem-me os palavrões, é porque estou lendo um livro do Marcelo Rubens Paiva e ele mexe muito comigo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Conto – Amarelo

Quando eu a conheci logo me veio aquele desejo proveniente da ventura, como se o crestar definitivamente tivesse se tornado no ardor do contentamento. Como poderia eu não notar no seu singelo sorriso, a verdadeira essência do experimental nascendo nas curvas dos seus loiros cabelos.
Na época eu queria ser o Bob Dylan, andar vagando com minha simples gaita, lançando solos soprados acompanhados do meu velho e saudoso violão. A arrogância era a mesma, feita de complementos ardilosos e um pouco de ousadia, o que acarretou em alguns amores derivados no fervor do folk.
Eu não era nenhum gênio musical, porém me arriscava em algumas apresentações. Variava meu repertório entre coisas que eu achava interessante, adaptando musicas ao meu tipo de voz e levando-as na cadência de quem sabia que estava no controle. Fez-se então a mágica transformação das iguarias da minha mente, a recordação solene da juventude aos pés da caduquice.
Lembro-me como se fosse hoje o som do meu violão e da luz do palco que lançava sua furtiva e ofuscante adoração por mim. Os olhares de admiração de todos quando eu evocava dos pulmões o som doce da minha voz defronte ao microfone, é algo habitável dentro do espelho quebrado da minha memória até hoje.
Foi em uma dessas ocasiões com trilha sonora que eu a vi pela primeira vez. Estava eu tocando uma musica que agora não me lembro, só sei que o baque de enxergá-la no meio daquele mar de gente foi tão grande, que a voz pigarreou e as notas do violão saíram completamente descompassadas. Parecia um delírio dos meus olhos, uma febre que ardia, uma imagem que não cessava dentro do meu peito. Meus poros sugavam substâncias desconhecidas, uma invasão de cores, a combinação de todas elas, era o branco a cor do amor.
Não pude deixar de notar que a adorável mulher dos meus sonhos usava uma camisa branca com letras bem grandes The Beatles. Eu sempre fui um cara cheio de artimanhas, aproveitei a ocasião e toquei propositalmente yellow submarine para impressioná-la.
Quando acabou a minha apresentação fui diretamente ao bar pegar uma cerveja para molhar minha garganta seca, quando de repente a formidável mulher veio andando ao meu encontro. Seus passos pareciam macios, pois acariciava o chão como figurantes brumas dos incrédulos, um charme, o engodo fácil para as tentações do sexo.
Começamos a conversar à beira do balcão do bar. Ela me dizia que havia adorado a minha apresentação, e afirmou convicta que a melhor música que eu havia tocado foi a dos Beatles. Ponto pra mim!
Um mês depois desse ocorrido já estávamos morando juntos. No início ela odiou meu apartamento.
- Como você consegue viver assim sem mobília, com apenas um colchão estirado ao chão? – lembro-me dessa pergunta claramente.
Eu também odiei de início o apelido que ela me deu. Vê se tem cabimento ficar me chamando de Amarelo, só por causa do yellow submarine? Mas como o tempo é o fio pro carinho, eu logo me acostumei a viver recluso dentro dessa idéia.
Nossa vida passou a ser regada dentro do que era cabível dentro de nós mesmos. A gente transava no colchão, de vez em quando escorregávamos pelas paredes da sala, em outras sentíamos o ranger dos tacos soltos do chão. Vivíamos a nossa história como em um musical alcoolizado, onde ficávamos pulando na loucura jovem, embelezando ainda mais a nossa relação.
Antes que eu me esqueça. Se tivesse uma mesa no meu apartamento provavelmente faríamos sexo em cima dela também. Éramos o suplemento da nossa respiração, éramos a poluição chamada óxido de amor.
Tudo seguia belo como nas primaveras das cidades turísticas. Quando de repente ela chegou até mim e me disse que iria embora. Não houve nada que eu pudesse fazer, ela juntou as suas roupas e desapareceu no horizonte. No dia seguinte, eu fechei a janela do meu apartamento, encostei meu violão na parede e jurei também que nunca mais iria voltar.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Conto – A visão oculta da cegueira

A recordação continua fresca no fervor da minha mente. Eu era tão jovem e tão inconseqüente que não media as ações do meu comportamento e nem dos meus passos, vivia pelos delírios afobados dos meus olhos de homem que descobre o mundo. As novidades que aparecem suavizadas pelo tom da liberdade, e o controle do seu próprio nariz são os desejos mais antigos de qualquer pessoa. A vida recheada pela liberdade, logo me trouxe os frutos do sexo, estampado pela quimera da carne e nos relevos dos corpos das divinas mulheres que eu supostamente amava.
Meu alicerce e meu controle surgiram desse modo habitual de vida, o que eu achava importante era necessariamente o que eu podia ver. A felicidade era entendida com facilidade e meus desejos era o complemento incoerente das coisas gritantes, algo que poderia sentir em sonetos de cantores eloqüentes, que expressam idéias nas suas canções resumidas em versos simples, ou seja, fáceis de entender.
Quando a visão foi levada de mim por algum tipo de doença rara, meu único desejo foi que a morte me desse carona para qualquer esquina longe do meu corpo, as minhas pálpebras cinza de dependência escorriam lágrimas destiladas e o simples movimento do pestanejar diante do adorno dos meus olhos, pra mim era como uma metáfora de uma canção sem nexo.
Com o tempo você vai se acostumando com as deficiências casuais, claro, que existe o embargo da cegueira dentro de mim, à clausura dentro de um mundo negro apesar de tantos anos de experiência, ainda me provoca muitos pavores. Não enxergar a capa dos meus livros favoritos e não poder ver a reação das pessoas, são os detalhes que me instigam e que me deixam em estado de louca curiosidade; apesar de tentarem detalhar tais coisas pra mim, eu compreendo que existem detalhes que só os olhos podem entender.
Os anos iam percorrendo, e cada vez mais eu ia me adaptando à condição de deficiente. Eu já tinha meus afazeres e explorava novos espaços, tentando fazer que minha vida valha a pena, distanciando-me cada vez mais da palavra incapacidade.
Todos os dias às dez horas da manhã eu saia da minha casa para ir à praça, no inicio eu sentia muita dificuldade de me guiar por lugares desconhecidos, mas aos poucos fui aprendendo que batendo a minha bengala pelos chãos ocos das calçadas eu poderia me localizar. Eu sentava sempre no mesmo banco, admirava o sol no meu rosto com o lograr de criança quando ganha seu presente favorito.
Em uma dessas minhas saídas despretensiosas, eu me deparei com a situação que mudaria minha vida. Apaixonei-me. Eu fazia sempre o que era de minha praxe, quando um doce perfume carregado de desejo e libido chegou até mim, algo sensível e provocante que me encantou e me fez sair do ar, inclinando-me na reclusão dos meus quatro sentidos plenos.
O amor ainda me fez mais feliz e ao mesmo tempo mais triste. Como poderia uma mulher se interessar por um homem como eu? Naquele dia eu tive a sensação do novo, e a velha sensação do amargo provocado pelo delírio da cegueira. Na volta para casa eu fui pensando, fui recobrando a consciência do amor inventado e escorado pelos ladrilhos do acaso.
Com esse caso de amor, muitas coisas ficaram martelando em minha cabeça. Veio plenamente em mim a memória póstuma dos meus olhos. Eu daria tudo para trocar a concupiscência da prostituta pela imagem da moça que roubou meu coração desolado. Mas entendo que isso não é possível, é apenas um obnubilado lamento pela inclemente tristeza dos meus dias.
De segunda à sexta-feira eu ficava esperando a mulher passar e despejar seu feromônio, eu podia seguir seus rastros e ouvir em seu andar uma forma irracional que crescia desenfreada e inocente.
Se não me engano foi na quarta-feira que criei coragem para chamar-lhe a atenção. Eu ensaiei o final de semana inteiro para fazer bonito na segunda-feira. Cheguei pontualmente às dez horas e quando seu cheiro ia se aproximando eu levantei do banco para lhe dizer tudo o que eu havia decorado, mas sem querer tropecei e cai estirado no chão. A vergonha se fez rouca e complexa, o que acharia ela de mim?
O seu perfume ia se aproximando cada vez mais, sua voz preocupada me encantou logo de início o que consolidou ainda mais a minha paixão. A partir dali conversamos muito, trocamos inúmeras confidencias e selamos o nosso amor com uma esgrima de línguas.
Apesar de estar mais de uma década encalacrado dentro do negrume da cegueira, eu finalmente consegui abrir os meus verdadeiros olhos e ver dentro da complexidade dada a mim o que me faz ser melhor, ou seja, o que realmente importa.


"O amor restaura a alegria quando a melancolia abate o homem. Penetra nos recônditos espaços e, embora envolto em profunda cegueira, vê com toda a amplidão de luz, pois o cabedal do amor é para o coração como prata reluzente para os olhos".
Inácio Dantas

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Átimo em pó

O céu composto de um veludo negro ridiculariza essa noite de sábado. Um céu diferente, repleto de mudanças e transformações. Era assim que eu o via, como um mistério. Um céu sem estrelas, tomadas por recortes de nuvens mais negras que a própria escuridão da noite. Sua força regia uma ira incomum, como se fosse lançar sua raiva pra me castigar, uma penitência por algo que eu fiz ou hei de fazer.
Os raios com seus rabiscos luminosos, dava-me certo pavor e algum tipo de encantamento, pois meus olhos vibram em seus desenhos, enquanto seus recortes violentos pairam pelo ar.
Eu simplesmente não sei onde eu estou, pareço perdido, porém confiante em minhas capacidades. Eu nunca tinha visto o céu por aquele ângulo, parecia que ele me envolvia com certo tipo de membrana, como se eu fizesse parte de sua própria complexidade. Os raios pareciam-me menos intensos em certo momento, as nuvens negras sumiam e as estrelas escondidas apareceram pra mim me convidando a tocá-las. Eu senti cada vez mais o relaxar do meu corpo, eu estava flutuando no espaço com uma tranqüilidade única. Pareceu-me familiar tudo aquilo, o céu negro cercado por estrelas, sua vertigem me possuía e me deliciava a passos lentos, porém certeiros.