quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Conto – A Casa Pré-Fabricada

Com seu corpo estirado no chão: “chão esse que lhe parecia um tapete borbulhando de um fervor rubro”, nada lhe parecia distante, tão diferente das situações que lhe ocorrem ontem, ou anteontem, não se sabe ao certo... No seu tapete tudo se criava; suas idéias e reverberações de destaque e alegorias. Não sabia ele nada sobre a vida, mas ali no pseudo-tapete, era possível, bem possível que germinassem sementes, que brotassem árvores assim tão frutíferas. Esse era o seu espaço de dimensões restritas, de comprimento e largura que pra ele poderiam ser maiores do que qualquer teoria, do que qualquer outra medida. Sim, ele podia deleitar-se ali jogado, crucificado no mar de um tapete que parecia sua casa com paredes de vidro. Sentia-se feliz por ter seu espaço: “espaço esse infinito que não cabia mais ninguém”, só ele. Ali parecia seu lugar de silêncio, de maestria, onde as notas titubeavam para um sono profundo e eficaz. Muitas vezes procurou um sentido lógico, porém esse sempre inatingível, ininteligível percurso. Nada no mundo parece melhor do que aquele espaço, nenhum lugar é tão reconfortante e sossegado, ao seu entendimento, para estar-se morto.

2 comentários:

  1. onde as palavras se deitam, se proliferam, se desmascaram,germinam. onde a noite termina e a fogueira vira caos cintilante. onde não existe nada mais dúbio do que os verbos,carne que são. o desconforto imenso de um mundo avesso.
    Tuas palavras ficam transbordando em mim.

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  2. Amplo esse conto. Nada é mais perfeito do que nosso próprio lugar.
    Esse aqui,é teu lugar de maestria, você diz o que quer, e diz bem. Morrer, é trocar de lugar.

    Grande abraço!

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