sábado, 31 de julho de 2010

O futuro da esquerda

Sobre um mar de fúria, onde as promessas, antes engarrafadas, triunfavam o encontro; a certeza de uma existência perdida, ou pelo menos que existiu, deixou sua marca. Eu sou assim, um mar em fúria, e muitas vezes deparo-me com meus sentimentos à deriva em mim. É difícil de assimilar certas coisas, ainda mais quando isso navega pelas suas veias e triunfa sobre seu rio de sangue. Parece que têm algo se infiltrando, algo perdido em mim, alguma coisa que quer revelar-se, e eu sei exatamente como fazê-lo; porém prefiro deixar que isso queime em minha pele. No início, pensei em monitorar seus passos, sentir as marcas de suas sapatilhas, escorar-me sobre suas poesias, e isso talvez fosse um bom plano para enganar-me. Tudo vem de repente, feito um coice, levando-te ao chão, e essa é a sensação que mais gosto. Nunca pensei em voar, pra mim sempre foi esborrachar-se no chão; voar todos voam, mesmo que suas asas estejam podadas ou quando não estão esquecidas no armário. Quantas frases soltas encontrei, sobre voar, sobre nuvem, sobre anjos? Eu quero que você seja certeira, que atire em mim quando achar que for a hora; talvez esse seja o futuro do lado esquerdo: - "Levar um tiro".

3 comentários:

  1. "Eu quero que você seja certeira, que atire em mim quando achar que for a hora"

    Ah, quantos tiros já levei. Mas nenhum tão certeiro a ponto de matar o amor que tenho em mim

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  2. Eu sempre tive uma predileção por textos escritos na primeira pessoa, pois me parecem sempre mais intensos.
    Quando se fala de si, independente de um personagem ou de si mesmo, fala-se de algo real, de um ponto de vista legítimo.
    Quando se fala de si e de amor, isso se torna mais forte ainda, como se torna.
    Quando li o título do texto pensei "será que é uma discussão política?", mas ao ler senti a serenidade acompanhada das belas e intensas palavras que só você tem, Guilherme.
    Sempre um imenso prazer te visitar aqui.

    Grande Beijo

    Carol.

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  3. É lindo, Gui!

    Você mexe comigo! Suas palavras explodem aqui!

    "Parece que têm algo se infiltrando, algo perdido em mim"

    Muito bom!

    Beijo, poeta!

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