sábado, 24 de julho de 2010

Esboços de um coração embriagado


Trecho de algo muito maior

Poderia ser uma noite comum como tantas outras em minha vida, porém aquele clima, aquele jeito torto que encaramos a vida, de certa forma, parece me trazer luz. Sinto-me bem olhando para esquerda, para a direita, um tanto quanto protegido e solto de certos pesos que carrego. A vontade era entregar-me num grande abraço, mas não era necessário, pois antes mesmo de pensar, eles já haviam se entregado a mim. E como é bom sentir-se assim, saber que não precisa fazer nada mais do que ser você para agradar. Os bares na Lapa morrem um a um, como se fossemos seguir um processo evolutivo: - "Nós eramos os assassinos da noite". Um gato passa beirando as janelas, e por alguns minutos ficamos olhando ele entrelaçando-se entre os fios de eletricidade. E olhando o gato notamos, como são bonitinhas aquelas casinhas antigas: " Porra, vamos morar numa dessas casas"? Sim, nós três temos o sonho de morar naqueles cafofos da Lapa. Isso antes de juntarmos dinheiro e irmos juntos para a França, tomar vinho na Praça Clichy, tudo na ilegalidade. Podendo ficar nós três, juntos novamente, dessa vez agora na terra dela, talvez à quatro, pois lhe pedi uma amiga francesa. Mais um bar aniquilado, e assim seguimos, para algum lugar que queira nos abrigar e nós o encontraremos, pois somos incansáveis, sempre o mais interessante do bares; ou seja, o mais sujo. Caminhamos entre a imensidão de lixo, de uma cidade que não quer parar, que não pode esquecer de que está viva um instante. Quase sós, escolhemos as ruas que nos parecem as menos perigosas, e assim seguimos o nosso trajeto beirando a embriaguez.

Dedicado a duas pessoas especiais


3 comentários:

  1. E como é bom sentir-se assim, saber que não precisa fazer nada mais do que ser você para agradar.

    isso é o mais importante.

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  2. É bom ter planos assim, criá-los a partir de desejos nem sempre secretos. Não tenho um futuro desenhado em meus pensamentos, não tenho um objetivo pelo qual lutar. Mas quero tantas coisas...

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  3. Salve, Poeta!...
    Andei ausente, e senti falta da sua loucura poética!

    Ler-te é como fazer parte de suas palavras.

    Beijo, Gui!

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