sábado, 10 de julho de 2010

Claves de sol

Eu pensei em várias formas, e as formas quando penso criam cores, e o céu tem uma infinidade dessas cores contraditórias. Tudo o que eu queria era sentir, sentir a necessidade de não sentir-me assim. Às vezes, do nada, sinto saudades. E essas saudades são torturantes, são sentimentos quase apagados dentro de mim que voltam a berrar suas claves de sol empenadas. E por onde andaria ela? Senti tão vividamente o corte dentro de mim, aquela nota quase inatingível alcançando-me... Eram seus beijos úmidos, sua língua, sua linguagem; eram seus gemidos ao pé do meu ouvido, eram suas coxas presas entre mim e a parede. Adorava quando ela vinha até mim, e sussurrava: "Amor". Seus abraços comigo eram sempre intensos, e entregues - passei a gostar mais de abraços com ela - vi no abraço, a representação de uma saudade presente, e isso prossegue, hoje, sem esse abraço. Por onde andaria, tal pessoa? Talvez seja o maior dos beijos, o mais concentrado, o com mais sabores... Às vezes, caio em mim, e esse é o maior peso que poderia sentir; nosso movimento uniformemente variado, nosso tempo de queda. Dessa forma imagino o seu retorno, pingando, sangrando sobre mim seu peso, sua forma mais pura.

6 comentários:

  1. Cair em si não é algo que eu denominaria fácil. Porém, posso consolar-te com "Só os fortes sobrevivem", entenda como for melhor.
    Belíssimo post, suas palavras tem encaixe perfeito. Parabéns, gostei muito.

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  2. Onde andará? Ninguém sabe, nunca foi vista, às vezes chega-se a negar sua existência. Mas a gente acredita, a gente sabe das coisas de dentro, tão mais tocantes em claves de sol que chegam a doer de tanta luz.
    Belo Texto.

    Abraços, Guilherme

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  3. Gostei muito do teu texto....esses dias eu andava pensando em escrever alguma coisa assim, também quase morta de saudade..mas não consegui nem verbalizar, quanto menos escrever. Se tivesse escrito, seria isso que vc escreveu.

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  4. Fala aí Guilherme. Muito bacana o seu blog. Pelo visto, além de misturar compostos químicos você também vive a misturar as palavras, tarefa que faz muito bem. Manda o link para a Dona Conceição Machado (hahahaha). Abraços.

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  5. A saudade parece neblina,
    o pensamento se perde.
    E o coração às vezes chora.

    Belíssimos textos!
    Beijos.

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