segunda-feira, 10 de maio de 2010

O dia em que faremos contato

Venha pra mim como uma bala, e acerte-me no peito enquanto eu estiver atravessando a Presidente Vargas... Finja que vai me matar, encene seu balé dentro de mim, e faça meu coração sangrar com seu salto alto. Posso sentir você oxidando meu corpo, abrindo meus poros tão fechados e fazendo parte do contexto, do roteiro que o livro descambou pra nós. Sinto o metal escaldando, e os vestígios de pólvora estourando meus fragmentos de músculos... E isso é calor... São as ondas me cobrindo da noite escura. Os baleados têm pressa, mesmo morrendo o pensamento permanece em sentido extático. Agora estou anestesiado; um torpor, uma vertigem que permanece tão fundo em mim que considero-me sua cápsula protetora... Venha pra mim como uma bala, e acerte-me no peito enquanto eu estiver atravessando a Presidente Vargas... Finja que vai me matar, finja apenas, por favor, estou confiando em você.

5 comentários:

  1. Há amores assim - fatais e inevitáveis.

    abraços

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  2. Parabéns pelo blog... Sensível...
    Sou seguidora, é claro...
    Identifico-me imenso com suas postagens...suas palavras... vem da alma...

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  3. Toda experiência que tenho quando entro aqui é prazerosa, como a de agora.
    Pedimos tanto, mesmo que em segredo, que alguém nos atinja da forma mais intensa possível, como um tiro.
    Emoções são mais bem sentidas quando são intensas, mesmo que meio dolorosas, se tornam inesquecíveis.

    Gosto tanto da sua intesidade, vai ver você é um pouquinho bala de revolver...

    Grande beijo, Guilherme:)

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  4. bala que atravessa o toque,
    entorpece cada canto
    e numa dança louca percorre uma cartografia corporal,

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  5. Excelente esse texto. Tem um quê daqueles manuais do Cortázar.

    Um abraço,
    Priscilalopes.com

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