terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Trópico de Câncer

Tem algo diferente no meu sangue, algo que coagula, que me queima por dentro. Eu sei, mesmo tentando disfarçar, que estou condenado a ouvir:

- Você está com Câncer

Se isso for genético, ora bolas, sinta-se a vontade se quiser orar por mim. Não tenho medo, e não sofro antecipado; se assim fosse, não faria tantas coisas pra me condenar ainda mais.
Eu prefiro deixar as coisas falarem por si só do que ficar pensando, planejando. Pensar me parece forçar a abrir os olhos, e com os olhos esbugalhados a vida é mais clara, e mais futil também.
Quando queria dizer, era a hora que mais queria ouvir... Não me julguem assim como um conhecido sempre, como o bondoso, o generoso, pois a verdade é que me mutilei por dentro, abri a minha alma, estufando o peito antes de ser baleado.

- E os bêbados não descem ao meio-fio impunes

3 comentários:

  1. Puxa...
    Quanta dor e auto condenação...
    Espero que não seja real , o texto.
    Bjos meus!

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  2. Quantas vezes nessa vida não nos mutilamos internamente? Mas o que quero falar mesmo é que é excelente esta metáfora: - E os bêbados não descem ao meio-fio impunes

    . Parabéns, Sr. Afiadinho.

    Besos,
    Fan*

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  3. E aí Guilherme!
    Bom! Muito bom!
    Teu texto tem a virtude de poeta.
    Abraço cara!

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